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Vídeos mostram como seriam filmes famosos se somente minorias étnicas falassem


Se os filmes que amamos fossem editados apenas com as falas de personagens de minorias étnicas, quanto tempo eles teriam? Alguns não teriam nem um minuto e isso precisa mudar

Vários estudos já demonstraram como minorias étnicas possuem pouco – ou nenhum – espaço nas produções de Hollywood. Embora outras pesquisas tenham apontado que filmes protagonizados por esses grupos tenham um bom desempenho nas bilheterias americanas e internacionais, negros, asiáticos, latinos e outras minorias seguem ignoradas pela indústria cinematográfica.

Mas quão ignoradas são essas pessoas nos filmes? Um estudo recente mostrou em números o tamanho dessa exclusão, contudo, Dylan Marron quer que você veja, na prática, como isso acontece. O ator de ascendência venezuelana edita grandes sucessos do cinema apenas com as falas de atores e atrizes de minorias étnicas e os coloca em seu Tumblr, chamado “Every Single Word” (“Cada Palavra”, em português).

O resultado choca: frequentemente esses personagens não possuem nem um minuto de fala e, em geral, são figurantes ou personagens sem profundidade, dando apoio ao protagonista.

“A Culpa é das Estrelas”:

“Uma Babá Quase Perfeita”:

Dylan é apaixonado por filmes, mas sempre achou difícil encontrar personagens que parecessem com ele.

“Quando eu era pequeno, nunca vi o reflexo de quem eu sou no cinema. Nunca vi pessoas como eu e acho que, quando você é novo, você não tem as ferramentas necessárias para questionar isso, você nem se pergunta. Você simplesmente aceita como uma verdade”, ele explicou ao jornal The Washington Post.

O ator, que também é gay, conta que é difícil conseguir papéis, mas principalmente por ser latino. Muitos agentes dizem a ele que Dylan é “muito específico”, ou seja, não conseguiria interpretar determinados papéis.

“Parece que, não importa quantos trabalhos eu já tenha feito ou quanto eu tenha dito, ninguém liga para o talento.”

É por isso que o artista começou o “Every Single Word”, para mostrar que o sistema de fazer filmes em Hollywood valoriza mais a cor da pele de um ator do que a sua competência. E com esse trabalho, Dylan quer dar continuidade à discussão sobre diversidade, um tema que custa caro à indústria cinematográfica. Como esquecer a falta de indicados de minorias étnicas ao Oscar deste, por exemplo? Ou a escalação de Tilda Swinton, uma mulher branca, no papel de um asiático em “Doutor Estranho”?

“Eu não quero pegar um megafone e começar a gritar. Eu não quero escrever uma série de posts num blog”, explica o ator ao Washington Post. “Eu estou apenas destacando um padrão que vem acontecendo: personagens sem nomes, filmes com personagens de minorias étnicas e que falam por menos de um minuto. Mostro padrões e os mostro sem embelezá-los, sem comentá-los, somente colocando-os na mesa. Isso é muito mais eficiente do que gritar sobre o problema.”

“Ela”:

“Malévola”:

Quanto tempo teria toda a saga de “Harry Potter” se apenas minorias étnicas falassem nos filmes? 5 minutos e 40 segundos, enquanto os 8 filmes possuem mais de 1.207 minutos. “500 Dias Com Ela”? 30 segundos. “Meia Noite em Paris”? 14 segundos. “Caminhos da Floresta”? 8 segundos.

Os resultados são decepcionantes, mas não surpreendentes, necessariamente, pois Hollywood é conhecida por fechar suas portas para qualquer pessoa que não seja branca.

“Eu não estou dizendo que qualquer um desses filmes é racista. Não estou dizendo que qualquer um desses cineastas seja racista. Estou dizendo que eles estão contribuindo com um sistema que possui práticas profundamente racistas”, conclui Dylan.

Confira mais alguns filmes abaixo:

“Harry Potter”:

“500 Dias com Ela”:

“Meia Noite em Paris”:

“Caminhos da Floresta”:

“Spotlight: Segredos Revelados”:

“O Senhor dos Anéis”:

*Por Artur Francischi do Prosa Livre


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