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Precisamos falar sobre a Maconha


Marcelo D2, Cidade Negra e outros artistas falam sobre a legalização para A Vida É Uma Só

Não sei vocês, mas sempre dou uma risadinha quando leio e escuto as pessoas chamando farmácia de drogaria. Sei lá, não podia ser mais explícito. Mas é fácil entender, os milhares de remédios que estão legalizados por aí estão sob um guarda-chuva enorme que é a indústria farmacêutica. Não importa os efeitos colaterais que eles vão te causar, na prática são indicados sob os melhores especialistas do mundo no assunto, enquanto na teoria seus danos estão sob controle. Quantas vezes eu já ouvi que deve se tratar a questão das drogas como um assunto na pasta da saúde e não da segurança? Quem decide isso? Será que o dano de um remédio controlado como o Rivotril não é maior que o de “drogas” proibidas?

Essa é uma das maiores hipocrisias da nossa sociedade atual. Por que nos Estados Unidos (ideologia central do mundo ocidental) legalizou a maconha para uso recreacional em mais de 10 Estados? É obvio que essa é uma tendência global, a indústria cultural tem liberdade para falar positivamente do assunto e possui aprovação de parcelas significativas da população.  É bom que finalmente as pessoas tenham poder pra reverter leis e tabus centenários, mas por que existe repressão e subestimação aos usuários de maconha e outras drogas?

É a indústria do medo. Na década de 60 tivemos o maior surto de liberdade dos últimos 2 séculos. O pensamento da cultura livre floresceu em todo mundo e de fato se tornou uma grande ameaça para o Establishment econômico. Eis que surgiu a reação (origem da palavra reacionário) e uma grande onda de repressão na década seguinte, junto com ditaduras militares pela América Latina e um verdadeiro choque de ordem no pensamento ideológico daquela geração. É compreensível minha mãe ter medo que eu fume maconha. Na época dela, um vizinho poderia te dedurar pra polícia e um general aparecer na tua porta no dia seguinte, queimando teus livros e te ameaçando.

Até hoje a maconha e as drogas são símbolos da contra cultura e por isso são tão temidas pelas autoridades. Mas por que não disponibilizar nas drogarias e deixar a indústria farmacêutica cuidar disso?

Marcelo D2 em foto publicada na revista Piauí.
Marcelo D2 em foto publicada na revista Sem Semente.

Os monopólios.  Não que a indústria farmacêutica seja boazinha, mas elas concorrem com o domínio dos cartéis (os mais fortes têm representantes políticos) e da informação. No Brasil tivemos nossa mentalidade moldada à uma postura conservadora pelas autoridades e pela grande mídia. Legalizar a maconha ou as drogas é uma mudança muito radical na concepção da maioria e os políticos se aproveitam disso. Não só os políticos como todo o ecossistema que financia esse cenário. Certas plantas interferem no agronegócio e seus derivados (indústria têxtil de modo geral, etc).

É uma hipocrisia enorme ver deputados, senadores e presidentes usando drogas e remédios, fingindo que não fazem e se posicionando de maneira parcial pra manter sua inserção com essa parcela do eleitorado e a preservação do status quo.

A mudança de postura da sociedade em geral representa a derrota da guerra contra as drogas, mas também a desmitificação delas como elemento da contra cultura. Hoje as drogas já fazem parte da sociedade. Por que não movimentar um mercado bilionário e legalizado ao invés de o manter na obscuridade sob o domínio de traficantes? Por que não controlar e auxiliar os usuários no consumo consciente das substâncias que estão sendo ingeridas? É exatamente isso que os Estados Unidos e países seguidores estão fazendo. É claro que leva tempo convencer as pessoas, convertidas ideologicamente, que essa é uma boa ideia e por isso não pode ser um movimento brusco por parte das autoridades. É normal que se consolide primeiro nas grandes metrópoles.

Cidade Negra em gravação para o Rock in Rio Box Brasil.
Cidade Negra em gravação para o Rock in Rio Box Brasil.

Em 2015, cobrimos a gravação do Rock in Rio Box Brasil – 30 anos de Rock in Rio. Nesse DVD comemorativo produzido pela Musickeria, 15 bandas/artistas regravaram 30 sucessos da música nacional, cada um imprimindo sua própria identidade musical nos hits escolhidos pela produção. A banda Cidade Negra foi convidada para regravar “Legalize Já”, do Planet Hemp, e isso gerou diálogo interessante entre grandes nomes do cenário musical brasileiro.

Dá uma olhada no que eles têm a dizer sobre a legalização da maconha:

 

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Por Marcos Klein, do A Vida É Uma Só


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