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Os heróis do rock nacional: Frejat e Titãs na Fundição Progresso


Em noite antológica, Frejat e Titãs mostram o que há de melhor em seus repertórios em apresentações impecáveis

Na divisa entre sexta e sábado, ainda com pessoas na fila do lado de fora, começava pontualmente à meia noite o show do Frejat para um público eufórico que lotava a Fundição Progresso. Nada de balada. Frejat começa o show com Rock n’ Roll bem executado, tocando sucessos como “Maior Abandonado”, música consagrada de sua parceria com Cazuza, tocada pelo Barão Vermelho, e ainda “Minha Menina”, outro som consagrado com uma versão excelente. Dando prosseguimento à lista de sucessos, Frejat convida todos para cantar sucessos de Tim Maia, como “Não Quero Dinheiro” e “Você”, que definitivamente transformou a Fundição numa grande pista de dança para um público eclético.

Frejat ainda tocou a versão bem Rock n’ Roll de “Só Você”, clássico dos anos 80 de Vinicius Cantuária, imortalizado por Fábio Jr. na década de 90, que se seguiu de “Eu Preciso Te Tirar do Sério”, mostrando, ou melhor, evidenciando que Frejat é realmente um artista completo, com um solo de guitarra cheio de energia, chamando o público com caras e bocas.

Após o início elétrico, Frejat troca a guitarra pelo violão e dá a impressão de que iria rolar um “voz e violão”, pelo menos começaria a tocar as músicas mais baladas. “Por Você”, “Túnel do Tempo” e “Segredos”, sequência que mesclava o início mais acústico com finais mais pesados. “Malandragem”, eternizada por Cassia Eller, fez parte do setlist, seguida por um solo do batera Marcelinho Costa. Mostrando força no repertório, Frejat continua com “Amor Pra Recomeçar”, logo após dizer que está feliz por comemorar o aniversário de 54 anos, compartilhando também o aniversário de uma fã, chamada Rogéria, que não parava de gritar na grade “é meu aniversário”.

Sai o violão, volta a guitarra e os sucessos continuam. Dessa vez, uma versão de “Como Vovó Já Dizia”, de Raul Seixas e Bete Balanço. Após esse grande sucesso da época do Barão Vermelho, começa “Porque A Gente é Assim”, com mais um solo de guitarra, conduzindo a música em um bom e velho Rock n’ Roll bem executado. Batidas fortes, o show de luzes e guitarras rugindo anunciavam a parte final do show com “Exagerado”, que mesmo após 1h20 de show, fez a galera pular novamente, seguida de “Puro Exctase” e “Pro Dia Nascer Feliz”, num encerramento triunfal.

Não há motivos para olhar o trabalho do Frejat com desconfiança ou qualquer tipo de reserva. Ele traz a marca de uma carreira bem sucedida na banda Barão Vermelho e toda sua parceria com Cazuza, mas também tem seu brilho próprio e competência nas suas músicas, provada num excelente show.

Após um breve intervalo com a galera ainda recuperando fôlego do show do Frejat, os Titãs sobem ao palco pouco depois das 2h da madrugada. O rock contestação da banda começou com “Lugar Nenhum”, com Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto a todo vapor, tocando como em início de carreira de sucesso, abrindo um show incrível e dando espaço ainda para covers como “Aluga-se”, mais um sucesso da noite imortalizado na voz de Raul Seixas. Na sequência, a música “Diversão”, do consagrado álbum “Cabeça Dinossauro”, que como bem lembrou Paulo Miklos, completa 30 anos no mês de junho.

Pausa para duas baladinhas que são sucesso dos Titãs: “Pra Dizer Adeus” e “A Melhor Banda de Todos os Tempos, da Última Semana”, seguidas pelo sucesso “O Pulso”, dando aquela saudade da participação do Arnaldo Antunes nos Titãs. Então, chega o momento em que Tony Bellotto, com foco de luz sobre si e tendo os riffs de sua guitarra em evidência, puxou “Sonífera Ilha”, mesclada num ritmo ska. Em seguida, num momento de interação com o público, apresenta “Comida”.

Chamando a atenção para o mais recente trabalho, o álbum intitulado Nheengatu, Miklos fala sobre a composição da capa, que tem uma torre de Babel ruindo (imagem que foi usada como fundo do show), e anuncia: “vamos tocar três músicas desse álbum”, como se pedisse paciência ao público para uma pausa de três músicas sem os sucessos habituais, sem a menor necessidade. Foi uma sequência com músicas da mesma qualidade sonora dos grandes sucessos, representadas por: “Fardado”, “Cadáver sobre Cadáver” e “Terra a Vista”. Tais músicas demostraram que o novo trabalho soma bem para a carreira da banda, tanto para a discografia, quanto para as apresentações ao vivo. E só pra registrar: não houve apresentação com máscaras, como ficou marcado na turnê de lançamento deste álbum.

Voltando aos sucessos: “Cabeça Dinossauro” para o delírio dos fãs mais ferrenhos, que gritavam com a música sendo anunciada: era um festival de cabeças batendo, air guitar e aquela juventude se manifestando num corpo hoje mais adulto, com a música sendo terminada por um Druns solo maravilhoso de Mário Febre, da banda de apoio. Depois desses minutos intensos, só mesmo o sucesso “Epitáfio” puxado no teclado para dar aquele choque térmico gostoso de se sentir num show como esse, num momento em que as luzes se acendem e o público bate palmas com as mãos levantadas.

“Homem Primata” abriu a sequência final da noite, seguida de “Polícia” na levada mais hardcore, momento em que foi possível ver aqueles jovens adultos abrindo uma roda punk, vista por todos no meio do público e evidenciado no telão, encerrando a sequência com a desbocada “Bichos”. Mais teve bis, sim! A noite foi encerrada com “Desordem” e “Flores”. No final, o público se despediu dos Titãs, numa noite antológica ao som de “É Preciso Saber Viver”. Sem dúvidas foi uma noite de energias renovadas ao som de rock de qualidade.

por Lucas Tavares, da ZIMEL


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