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Como os fãs lembrarão de Prince após a morte do cantor


Prince morreu, mas deixou seu maior legado, a música, para que os fãs pudessem lembrá-lo para sempre. Mas há ainda outras razões para que ele não seja esquecido

Morreu na quinta-feira passada, 21, o cantor Prince, aos 57 anos, em seu estúdio de gravação, em Minnesota, nos Estados Unidos. A informação foi dada pelo TMZ e confirmada, em seguida, por um porta-voz para a Associated Press. Na sexta-feira aterior, ele havia sido hospitalizado em Illinois para tratar de uma gripe. A causa da morte ainda não foi divulgada.

Nascido Prince Rogers Nelson, no dia 7 de junho de 1958, o músico lançou seu primeiro disco, For You, em 1978, o qual foi todo produzido, escrito e teve todos os 27 instrumentos tocados por ele. Não foi um grande sucesso, mas mostrou ao mundo um dos artistas mais completos e geniais que estava surgindo.

Nos anos seguintes, lançou Prince, Dirty Mind e Controversy, álbuns muito elogiados, mas foi com 1999 que o cantor multi-instrumentista emplacou seu primeiro álbum no Top 10 da Billboard. Seu trabalho de maior popularidade e sucesso comercial veio em seguida, em 1984, com Purple Rain, que também é a trilha sonora do filme de mesmo nome e estrelado pelo próprio Prince. Foram duas músicas no topo da Billboard, “When Doves Cry” e “Let’s Go Crazy”, e 22 milhões de cópias vendidas. Em 1985, a faixa-título levou o Oscar de Melhor Canção Original.

Ao todo, foram 39 álbuns lançados, 7 Grammy Awards, 1 Globo de Ouro e vários outros prêmios e canções icônicas como “Kiss”, “Cream”, “Sign ‘O’ the Times”, “U Got the Look” e “Little Red Corvette”.

Mas sua música vai muito mais além de vendas e troféus: elas refletem a sua genialidade e seu jeito único, que ressoam com fãs no mundo todo. Após a morte do cantor, muitos deles expressaram no Twitter a importância de Prince e sua obra em suas vidas:

Tweet: “Prince foi para as crianças negras que não se encaixavam o mesmo que Bowie foi para as crianças brancas. Uma luz de rímel que fez com que se erguer e se destacar fosse legal.”

De fato, a personalidade única de Prince o fez se destacar dos outros artistas. Em 1990, numa entrevista para a Rolling Stone, o cantor contou de onde tirava sua confiança:

“Estar tranquilo significa ser capaz de lidar consigo. Tudo o que você precisa fazer é se perguntar: ‘tenho medo de alguém? Tem alguém que me deixaria nervoso se eu entrasse numa sala e a visse?’ Do contrário, você está tranquilo.”

Tweet: “Prince pode não ter sido gay, mas ele ofereceu uma boa cobertura para jovens negros queer* como eu. Deus o abençoe por isso e tudo mais.”

*que não são heterossexuais e não se definem pelo binarismo de gênero.

Embora Prince nunca tenha declarado que era gay, muito se questionava sobre sua sexualidade, a qual ele se limitava a dizer: ‘quem se importa?’. Seu estilo único, porém, desafiava normas e papéis de gênero, o que pode ter sido libertador para muitos jovens que tinham dificuldade de se expressar. “I Would Die 4 U”, lançada em 84, demonstra a persona livre de Prince. Em um dos versos, ele canta: “eu não sou uma mulher/ eu não sou um homem/ eu sou algo que você jamais entenderá.”

Tweet: “Okay, quero enfatizar uma coisa: Prince morreu controlando as músicas de seus mestre. Ele lutou contra uma indústria toda pelo controle. E PRINCE GANHOU. Artistas negros são explorados e abusados na indústria musical, a posição de propriedade que Prince teve é tão radical quanto suas músicas.”

Prince sempre lutou para ter controle de sua música e por sua liberdade criativa. Hoje, você não encontra as músicas do cantor em nenhum site de streaming, apenas no Tidal. Para ele, os artistas precisam ser remunerados por seu trabalho.

“Diga-me um músico que está rico com vendas digitais. Ao mesmo tempo, a Apple tem ido muito bem, né?”, avaliou o cantor em entrevista ao jornal The Guardian.

E no que diz respeito à raça, ele tinha orgulho de ser negro e se manifestou pelo fim do racismo nos Estados Unidos. No ano passado, inspirado pela morte de Freddie Gray pela polícia americana, ele lançou a música “Baltimore”, cujos versos dizem: “alguém nos escuta rezando?/ por Michael Brown ou Freddie Gray/ a paz é maior do que a ausência de guerra.”

Também em 2015, ao apresentar o prêmio de Álbum do Ano no Grammy Awards, ele fez um simples comentário, da forma mais inteligente possível, sobre as coisas que acredita. “Assim como livros e as vidas dos negros, os álbuns ainda importam.”

Já em 2014, Prince criticou o racismo na indústria do entretenimento, que oferece mais oportunidades aos brancos, não importando quão ruim eles sejam, enquanto artistas negros não possuem a mesma sorte.

“É bilheteria. Eu não posso ter algo como ‘O Grande Gatsby’ nas minhas mãos. Você não sabia que os negros não têm uma segunda chance?

É como o Chris Rock disse: Leonardo DiCaprio pode fazer um filme ruim atrás do outro e ele continua trabalhando. Chris Rock faz um filme ruim e não trabalha de novo. Às pessoas negras não é permitido errar.”

Essas são apenas algumas razões, pelas quais os fãs de Prince sempre lembrarão dele: talentoso, autêntico, dono de si e de seu trabalho e fiel ao que acredita. O mundo perde uma lenda, mas terá para sempre seu legado.

Rock on, Prince!

*Por Artur Francischi do Prosa Livre


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