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À italiana: Chiara Civello está de volta e fala sobre Brasil, música, vida e paixões


Cantora italiana apresenta “Canzoni” no Rio de Janeiro e em São Paulo

Perché Chiara? Perché Chiara è tutto!!  Chiara Civello é dessas figuras cheias de energia e encanto que você para e observa e tenta entender como é que ela consegue parecer  italiana e brasileira ao mesmo tempo, compor em quatro idiomas, tocar bem o piano, o violão e o ukulele, gravar com Chico, Gilberto Gil e dividir a criação de uma canção com Burt Bacharach, Ana Carolina, Maria Gadú, Jesse Haris, Pino Daniele, Tony Bungaro, Dudu Falcão, Antônio Villeroy e tantos outros.

Nômade musical, ela circula com desenvoltura pelo mundo e viveu os últimos anos entre Rio, Nova York e Roma, além de levar seus shows aos quatro cantos do planeta. É uma voraz pesquisadora da nossa música e diplomata cultural, afim de unir a Itália e o Brasil pela via musical. Ela apresenta o show do seu último trabalho, Canzoni,  dias 26 e 27 de fevereiro, no Tom Jazz, em São Paulo, e dia 29 de fevereiro, no Teatro Net, no Rio de Janeiro. Chiara é boa de cozinha, uma gata “gourmet”, e se quer vê-la feliz é só dar a ela bons ingredientes, aparecer com tempo para tomar um bom vinho e bater papo. Ela sabe preparar deliciosas misturas como fez em seu novo trabalho, que tem na receita Eumir Deodato, Esperanza Spalding, Chico Buarque, Ana Carolina, Gilberto Gil e um sabor único de clássicos italianos que, vale dizer, são feitos assim só pelas mãos de quem ama de maneira passional o que faz.  Experimente o molho de Chiara, que fala à Midiorama sobre seus sonhos, fãs e caminhos musicais.

Saiba mais: www.chiaracivello.com

Chiara Civello – Io che non vivo senza te ft. Gilberto Gil

 

1- Quando foi que você acordou e disse pra si: “quero viver para a música”?

Nunca… eu não sou de tomar decisões assim. As decisões me toman. (risos) Todo dia acordo de um jeito e querendo fazer cinco programas diferentes. A música foi aparecendo na minha vida desde cedo, sem pretender nada… acompanhando meus passos a partir da minha infância.

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Calma que um dia eu chego aí!

2- Alguém te influenciou ou foi algo que te seduziu aos poucos?

Com certeza a minha Vó Bianca abriu minha imaginação me colocando de frente ao piano com 2 anos e me dizendo simplesmente: “agora toca”, sem me dar alguma noção. Foi ali que desenvolvi a minha relação pessoal com o instrumento, totalmente ingênuo. Minha avó se deu conta que eu conseguia reproduzir umas canções sozinha e disse pra minha mãe que eu era musical.

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Nonna Bianca e Chiara

3- Havia música em sua casa, tinha educação musical na escola?

Na escola Italiana a educação musical é péssima!  La Nonna è a melhor escola, a escola do amor. A minha mãe escutava música clássica até que eu comecei a invadir o estéreo com minhas músicas de adolescente.

4- Você toca alguns instrumentos. O que te dá mais tesão: tocar, cantar ou compor?

Tudo me dá tesão, tudo o que me leva a me expressar ou facilita o processo criativo.

5- Se seu coração fosse um jukebox ou um iPad, em que estilo você apertaria o botão? Jazz, blues, mpb, pop, romanticas, world music ou italianas?

No meu coração? O meu coração não tem botões (risos), o meu coração tem batidas, ritmo, sangue, paixões, pessoas presentes e ausentes… Mas eu sou perdidamente romântica, sim.

6- Onde apareceu o Brasil na sua história?

Quando eu morava em Boston, um namorado me introduziu a música brasileira. Foi amor à primeira vista, deixei o namorado e me apaixonei pelo Brasil!!!

Chiara Civello – Io che amo solo te ft. Chico Buarque

7-  O que o Brasil tem que te leva a fazer um trabalho com inspiração nacional?

O Brasil é irresistível, visceral, tem tudo mais alto, mais forte, a começar da chuva até a alegria. A música brasileira para mim é a sublimação do ritmo, harmonia, melodia e poesia… elementos essenciais de uma canção.

8- Você deu um tempo desde o seu último trabalho por aqui. Quem é essa nova Chiara? Ou é a mesma?

Chiara nunca é a mesma. Apesar de ter quebrado uns ossos no ano passado e não poder ser a mesma no raio x. Ela sempre foi governada por mercúrio: precisa se movimentar, se superar, mudar, pra ficar firme dentro….

O que ficou igual podem ser a cor dos olhos e ah… tenho ainda todos os meus dentes!  Essa nova Chiara se joga mais, com menos pressa e mais intensidade, mergulha na vida e na música… insaciavelmente.

9- Você fez grandes canções em parceria com outros artistas. Quais parcerias acredita que tenha tido uma química especial com alguém a ponto do resultado parecer algo que você não conseguiria construir sozinha?

Todas as parcerias são resultado de uma química especial, pode ser mais ou menos intensa. Eu tive o privilégio de ter parcerias iluminadoras… até as menos bem sucedidas.

10- Agora fala de coração o que é esse seu trabalho, qual é a imagem desse seu momento, quais são as cores e os sabores de Chiara aqui e agora?

A imagem desse meu momento é um prato de quinoa com vagem e tomate (risos), que casualmente são as cores da bandeira italianaaaaaaaaaaaa… São sabores saudáveis, que matam a fome de hoje, dia de ensaio com meus adorados amigos Domenico Lancellotti, Pedro Sa e Alberto Continentino… músicos e pessoas de imensa sensibilidade e talento.

Este meu disco Canzoni (de cançoes italianas), é uma necessidade minha depois de cinco discos como compositora, de fazer um tributo à música do meu país, de interpretar do meu jeito algumas das canções que criaram a consciência musical italiana. Eu morei fora da Itália a partir dos meus 18 anos. Às vezes você precisa ficar muito distante de algo pra entender o quanto te pertence.

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Pedro Sa, Domenico Lancellotti, Chiara Civello e Alberto Continentino

11- Mande um recado para seus fãs brasileiros.

Meu amado e minha amada, eu prometo e cumpro, digo e faço. Eu voltei, mas agora é a sua vez: vem matar a saudade… vis a vis.

12- Para fechar, qual é o Brasil de Chiara?

O Brasil da Chiara é esta paisagem diante da minha janela, que me deixa sem fôlego e se desvela aos meus olhos, depois de dois anos de ausência, como um caleidoscópio que compõe combinações completamente novas com os mesmos pequenos fragmentos de vidro colorido.

Por Horácio Brandão – Midiorama


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